Exercício físico aumenta o desejo sexual? Médico explica os efeitos na libido masculina e feminina

Você provavelmente já esbarrou em algum vídeo nas redes sociais dizendo que “treinar perna aumenta a testosterona” ou que “atividade física deixa a libido nas alturas”. Embora muita gente ainda duvide, há ciência por trás da afirmação — e ela vai além dos músculos visíveis na academia. O corpo humano responde ao exercício físico de maneiras profundas, inclusive na cama.

Mas, será que qualquer treino ajuda? Pode malhar demais atrapalhar o desempenho sexual? Quais modalidades são mais benéficas para homens e mulheres? A resposta, segundo médicos e especialistas em saúde sexual, é clara: o exercício físico influencia diretamente a libido, a qualidade da ereção, a lubrificação vaginal, a resposta ao prazer e até a autoestima. Mas o segredo está no equilíbrio.

Hormônios, circulação e bem-estar: os caminhos do desejo

Segundo o Dr. Flavio Machado, médico em saúde sexual masculina e fundador do Instituto Homem, a prática regular de exercícios atua em diversas frentes do organismo que afetam diretamente a vida sexual.

Quando nos exercitamos, o corpo libera uma cascata de hormônios como dopamina, serotonina e endorfina, todos ligados à sensação de prazer. Além disso, há um aumento importante da testosterona — hormônio essencial para o desejo sexual, especialmente nos homens. Tudo isso impacta diretamente na performance e na vontade de se relacionar, afirma.

A atividade física também melhora a circulação sanguínea — ponto fundamental para a excitação e o desempenho sexual. Nos homens, isso favorece a rigidez peniana. Nas mulheres, promove uma maior lubrificação e sensibilidade na região íntima.

É como se o exercício colocasse o corpo inteiro em alerta positivo: mais sangue, mais energia, mais disposição. Isso se reflete no sexo de forma muito natural, acrescenta Dr. Flavio.

Musculação x aeróbico: efeitos diferentes na libido

Enquanto a musculação, especialmente para os membros inferiores, é fortemente associada ao aumento da testosterona, os exercícios aeróbicos — como corrida, natação ou bicicleta — contribuem mais para a saúde cardiovascular e o controle do estresse.

Treinar pernas é uma das formas mais eficazes de estimular a produção de testosterona, justamente por envolver grupos musculares grandes e exigir mais esforço do organismo. Isso ajuda não só na libido, mas na vitalidade e até no combate à disfunção erétil, afirma o médico.

Mas ele também faz um alerta importante:

Tudo que é demais, vira veneno. Exercícios em excesso, sem descanso adequado, podem elevar os níveis de cortisol, um hormônio que sabota a libido. Já atendi diversos pacientes com queda no desejo sexual por causa de treinos exaustivos ou mal orientados, explica.

Mulheres: impacto positivo, mas com mais nuances

Embora os efeitos fisiológicos do exercício sejam benéficos para ambos os sexos, o desejo sexual feminino envolve uma teia mais complexa de fatores. Emoções, autoestima, histórico afetivo e níveis de estresse são determinantes.

Nas mulheres, o exercício físico tem um papel importante na regulação hormonal, na redução da ansiedade e na melhora da autoimagem. Tudo isso contribui indiretamente para aumentar a libido, comenta Dr. Flavio.
Além disso, práticas como ioga e pilates fortalecem o assoalho pélvico, o que melhora a qualidade do orgasmo e o controle muscular durante o ato sexual.

Exercícios específicos, como os de Kegel, também podem ser indicados para mulheres e homens, com o objetivo de fortalecer os músculos da região íntima, melhorar a vascularização local e potencializar o prazer.

O outro lado da moeda: quando o exercício atrapalha

O excesso de atividade física pode ser prejudicial à vida sexual. A condição conhecida como overtraining afeta a produção hormonal, gera fadiga crônica e, com o tempo, compromete tanto o desejo quanto o desempenho.

Já vi homens com excelente forma física, mas que não conseguiam manter a libido ou ter uma ereção satisfatória. Ao investigar, encontramos rotinas de treino extremas, alimentação inadequada e sono ruim — uma combinação desastrosa para a saúde sexual, pontua Dr. Flavio.

Modalidades como crossfit, maratonas e triátlon, apesar de benéficas em moderação, exigem atenção especial. A falta de recuperação e a restrição alimentar severa podem ser gatilhos para desequilíbrios hormonais.

Autoestima, sono e qualidade de vida: ingredientes que completam a equação

Muito além do impacto físico, o exercício mexe com a forma como a pessoa se vê — e isso influencia diretamente sua performance e sua entrega na hora H.

Um dos pilares da saúde sexual é a autoestima. Quando você se sente bem com o próprio corpo, confia mais em si mesmo, se permite mais no sexo e até se comunica melhor com o parceiro ou parceira, analisa Dr. Flavio.

Ele também lembra que o sono de qualidade é parte essencial da equação:

Não adianta treinar pesado e dormir mal. A produção de testosterona e a recuperação muscular ocorrem principalmente durante o sono. Descansar é tão importante quanto levantar peso.

Conclusão: menos performance, mais prazer

Em tempos de culto ao corpo e produtividade extrema, a saúde sexual nos convida a um caminho mais equilibrado e prazeroso. Fazer exercícios sim, mas com consciência, descanso e foco na saúde como um todo.

A vida sexual é um reflexo do que fazemos no dia a dia. Boa alimentação, rotina de treinos adequada, sono em dia e saúde mental equilibrada são o melhor combo para manter o desejo aceso e o desempenho em alta, finaliza Dr. Flavio Machado.

Portanto, antes de se cobrar por “performance” na academia ou no quarto, pense: seu corpo está saudável ou sobrecarregado? O prazer começa no cuidado — e o exercício pode (e deve) ser um dos maiores aliados da sua vida sexual.

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